Bom pessoal, como a Paty ainda não teve tempo, lá vou eu contar como foi nossa entrevista ontem (25/03/09).
Antes tenho que dizer que sou contador e a Paty é jornalista. Apesar de minha profissão ser muito demandada no Québec, ela era a requerente principal, por três motivos:
- Ela já tem pós-graduação e eu estou terminando a minha;
- Ela já visitou Québec;
- Ela morou nos Estados Unidos, portanto fala muito bem inglês e eu não.
Ok. Desde que demos entrada no processo ela questiona esses motivos e diz que eu deveria ser o requerente, enfim.
Nos dois dias anteriores ela me enloqueceu. Estava completamente irritada, nervosa, maluca, e mais alguns adjetivos. Mas, por incrível que pareça, ela durmiu bem na noite anterior e eu não durmi nada. O nervosismo dela passou para mim. Afff.
Acordamos cedo e fomos para o escritório do Québec. Chegamos à porta 08:50. Detalhe, a entrevista era às 10:00. Era impossível mantê-la em casa.
Enrolamos um pouco e entramos às 09:20. A Patrícia tremia. Na sala de espera tem uma televisão onde passava o festival de Jazz de Montreal com apresentação do Cirque du Soleil. Tentei me distrair assistindo e a Paty, com o dicionário nas mãos, só perguntava: "como diz isso, como diz aquilo". rsrs. Pedi várias vezes para ela assistir também, assim se distraia um pouco.
Quando era por volta das 09:40, a Márcia, nossa amiga que fizera a entrevista antes da gente saiu da sala, comprimentou o monsieur Le Blanc e, sem expressão nenhuma no rosto, veio até nós. Eu desesperado segurei no braço dela e perguntei: "e ai? Como foi?". Ainda sem nunhuma expressão ela respondeu com a maior calma do mundo:"Tudo bem. Passei". A Paty chorando do meu lado abraçou ela e deu os parabéns.
E ela foi embora. Depois me confidenciou que tava fora de si. Ainda não sabia muito bem o que tinha acontecido. Tava em choque.
Bom, sentamos novamente mas a porta da sala ficou aberta. Senti aquela sensação de hospital. Entro na sala do médico ou espero ele gritar: "PRÓXIMO".
Então ele veio à porta e perguntou se podíamos começar mais cedo. Claro né.
Entramos. A Paty se apresentou. Ele perguntou se nós tínhamos trazido a nova ficha de comprovação financeira pois tinha mudado o valor mínimo. Nem sabíamos que tinha mudado. Ele saiu da sala e pediu para uma outra moça imprimir a ficha. A Paty tremia e me disse para preencher pois ela não conseguiria.
Enquanto eu preenchia ele pediu os passaportes. Brincou com o nome da Paty que era muito grande, falando que brasileiro adora nome grande.
Como a Paty já trabalho como estatutária, autonoma, teve empresa e com carteira assinada, ela tava morrendo de medo de como explicar tudo isso.
Ele começou perguntando se ela ainda trabalhava no mesmo serviço. Ela disse que não e logo entregou a carteira de trabalho. Ele adicionou à ficha e continuou: "sua empresa". Ela entregou os documentos de abertura e encerremento e a certidão de que não há débitos pendentes com a Receita Federal. Tínhamos levado também o bloco de notas fiscais mais ele nem pediu. Depois a comprovação de autonoma com o contrato de prestação de serviços e uma carta dizendo que ela exerceu a função tal de tanto a tanto. Tínhamos levado todos os recibos, mas também não foi necessário. Ele estava muito sorridente e brincalhão. Depois, estatutária. Entregamos um termo da prefeitura dizendo que ela trabalhou de tanto a tanto em tais funções. Ele ficou muito feliz quando viu que a Paty tinha quase 10 anos de experiência como professora da rede municipal. Coisa que nem achávamos que contaria.
Então começou o meu tormento. rs. Perguntou o que eu fazia e pediu minha carteira de contador. Poxa, tinha esquecido que tava vencida. Logo ele perguntou e disfarcei dizendo que só não fui buscar a nova porque ainda não tinha dado tempo, já que tenho trabalhado muito. Também fui estatutário e autonomo, mostrei os documentos para ele e depois a carteira de trabalho. Tomei a segunda. Ele me pediu o último holerite e eu não tinha levado. "No Québec, somos bem quadrados, queremos tudo muito certinho". Pedi desculpas. Não sabia o que falar.
Então voltou à Paty e pediu os comprovantes de estudo e logo depois os meus. Disse a ele que iria terminar a pós no mês que vem. Ele olhou para a Paty e perguntou à ela se eu iria mesmo terminar. Definitivamente ele não foi com a minha cara. Ela brincou dizendo que sim pois eu era um bom aluno. Então ele pegou meu histórico e começou a olhar nota por nota. "Realmente, você é um bom aluno. Só 9 e 10. Peraí, tem um 6 aqui. Em perícia, é isso?" Respondi sorrindo: "Perícia é muito dificil".
Passado isso, perguntou para que cidade íamos, e porque decidimos imigrar para o Québec. Decidi não abrir mais a boca, pois senti que não dava uma dentro. Só a Paty falou. Perguntou do nosso projeto. Enfatizou ter um plano A, B e até C, se for o caso. Ficou contente quando a Paty disse que pensa de trabalhar com crianças até estar com um bom nível de francês para entrar na área de comunicação.
Mais uma vez pegou no meu pé. Perguntou se eu queria tirar a carteira de contador e disse que é muito difícil, desvalorizando meu empenho. Falei que meu plano era ser auxiliar enquanto não tirasse a carteira. Ele desenhou a pirâmide de maslow e disse: "olha, vocês estão no topo aqui no Brasil, mais lá vocês vão ter que descer um pouquinho para poder crescer de novo. Para a Patrícia é fácil, pois ela pode se virar em várias coisas, mas você Antonio, para você vai ser bem mais difícil, porque você tem uma visão muito fechada, é muito racional e objetivo".
Aff. Fiquei de queixo caído. A Paty, derrepente era a melhor profissional do mundo e eu o pior. Ele pediu para ver minhas pesquisas de emprego e criticou todas, assinalando tudo com um D-. Mostei algumas propostas da Robert Half, ele disse que não eram boas, foi então que recibi um único e rápido elogio, quando disse que conhecia a empresa no Brasil e estava fazendo contatos com o pessoal do Canadá. "hummm, isso é bom". Foi só. Na minha última esperança, mostrei uma vaga de commis e ele quase rasgou da minha mão dizendo que esse tem que ser um plano D. rsrs.
Foi a vez da Paty mostrar as pesquisas. Ele adorou todas. Assinalou a maioria com A+ e só deu uma balançada quando ela mostrou uma de diretora. "Essa é difícil". disse ele. Elogiou a pesquisa dela pois todas as vagas eram para cidade de Québec. Como se as minhas não fossem também. rsrs.
Ele ainda filosofou um pouco dizendo que a mente tem que estar equilibrada com a alma. Com muitos gestos o que facilitava o entendimento. E começou a fazer as contas de nossos pontos. Momento de apreensão, apesar de ter ciência que ele não ia ter ficado batendo papo sobre tudo aquilo e no final dizer que não passamos.
Enfim. "Felicitation". Um alívio. Ainda deu umas dicas de onde fazer a equivalência dos estudos no Canadá. Agradecemos e nos despedimos.
Tenho que dizer que apesar dos tapinhas com luva de pelíca que tomei, foi tudo muito fácil e ele foi gentil o tempo inteiro. Ainda elogiou a ÉCOLE QUÉBEC. Disse que parecia ser uma ótima escola. Falamos muito pouco. Ouvimos muito, eu devo ter falado "Oui" umas 450 vezes. rsrsr.
CSQ na mão. Entrada no federal.

4 comentários:

Felipe Warren disse...

Hahahahah essa historia dava um filme, Patricia e Antonio, ouvir esse relato pessoalmente posso confirmar que foi bem escrito pelo contador, eu acho que ele é contador de historias, e não de numeros. rsrsrs.
Muito bom o relato e foi realmente uma comprovação que voces estão aptos a ingressar numa jornada bem preparados e com experiencia de sobra. PArabens pelo CSQ e agora que venha o FEDERAL, pois vai ser rapido e quando chegar vai ser mais um motivo para relatos e comemoraões.

BOm por enquanto e isso, vou tentar ficar calmo pois dia 9 de junho vai acontecer uma coisa parecida conosco, e para isso precisamos nos preparar assim como voces.
Sorte para todos e um grande abraço.

Yuri Câmara disse...

Hahahahahhaa! Felipe, contador de histórias é ótima! Go, Forest, go! hahahahahahaha! Mas esta é uma ótima e verdadeira história. E q trabalhão q a Dona Paty deu pra vc hein Antônio? hahahahaha!

Parabénsssssss! Estou muito feliz por vcs dois! Vcs merecem! Abraços, Yuri.

Antonio e Paty disse...

É...fora o trabalho que ela deu, ainda só apanhei do tal LeBlanc.
kkkkkkkkkk.
Valeu pessoal.
Abraço.

Fabiane Camargo disse...

oi Antonio e Paty, nós vimos vocês sairem da sala, éramos o próximo casal :) que bom que deu tudo certo, nós também conseguimos passar!! Boa sorte a vocês :)

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